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segunda-feira, junho 01, 2015

Incêndio no shopping Nova América, Rio

Um incêndio de grandes proporções atingiu o Shopping Nova América, em Del Castilho, no Subúrbio do Rio, no começo da tarde de segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015.

INÍCIO DO INCÊNDIO
O fogo começou em uma área de escritórios e depósitos. As chamas se alastraram rapidamente pela cobertura do centro comercial e derrubaram paredes. Poucas pessoas estavam no local, o centro comercial abriria ao meio-dia, e apenas lanchonetes e restaurantes funcionariam.
Segundo o comandante do Corpo de Bombeiros, o fogo começou pelo segundo andar - onde ficam as lojas e se propagou através do telhado do terceiro andar.

TESTEMUNHAS
■Isaias de Oliveira Ferreira, funcionário do shopping, estava perto do local de início das chamas, e disse que a fumaça começou por volta de 12h40.
■"Começou o fogo e percebemos que a fumaça estava forte. A brigada do Shopping tentou controlar, mas não conseguiu. E demoraram 40 minutos para chamar o Corpo de Bombeiros", disse ele, funcionário de um restaurante. "Demorou uma hora para chegar o primeiro carro de bombeiros", disse outro funcionário.
■O garçom José Mota, do restaurante O Camarão Arte Bia, estava se preparando para começar a trabalhar quando uma forte fumaça invadiu o local. Segundo ele, houve muita correria:
Estávamos prestes a abrir para os clientes e a fumaça veio avassaladora. Muita gente começou a gritar e correr. Teve funcionário que não conseguiu nem pegar a bolsa com os documentos, conta José.

VIZINHANÇA
De acordo com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, o trânsito no entorno do shopping não precisou ser interditado. A concessionária do Metrô Rio também informou que a estação Del Castilho continuou funcionando normalmente.

CONTROLE DO FOGO
O Corpo de Bombeiros informou, por volta das 15h30, o incêndio foi controlado. Os bombeiros trabalham apagando os últimos focos isolados e, segundo a corporação, não há risco de propagação das chamas. O trabalho de rescaldo deve começar.

CORPO DE BOMBEIROS
Pelo menos cem bombeiros de dez quartéis (entre eles Méier, Ramos, Central, Vila Isabel, Caxias, Jacarepaguá) foram deslocados para combater o fogo, com 30 carros.
Os bombeiros também utilizaram dois helicópteros para despejar água em locais de difícil acesso.

VÍTIMAS
Não houve vítimas.

DANOS MATERIAIS
O fogo atingiu cerca de 20% do empreendimento danificando 40 lojas.  

LIMPEZA
Na quarta-feira (18), foi realizada uma força tarefa, com cerca de 400 pessoas, que realizaram toda a limpeza do shopping para reabertura.

INTERDIÇÃO DE LOJAS
Das 220 lojas do centro comercial, 80 estabelecimentos foram interditados pela Defesa Civil.

AUTORIZAÇÃO DE FUNCIONAMENTO
O Copo de Bombeiros e a Defesa Civil fizeram uma vistoria e liberaram o funcionamento do shopping. Entretanto, suas equipes permanecem no local para assegurar a segurança dos clientes e lojistas. Segundo o subsecretário da Defesa Civil, uma empresa trabalha na retirada de estruturas que ainda representam algum risco.
As partes que não foram atingidas pelo fogo foram afetadas pela água, mas já estão completamente recuperadas.  

REABERTURA E CHEIRO DE FUMAÇA
O shopping reabriu na  quinta-feira, 19 de fevereiro e o cheiro de fumaça era forte. A proprietária do  shopping informou que “possui laudo de monóxido de carbono de empresa especializada atestando que a qualidade do ar não coloca em risco a saúde de colaboradores, lojistas e clientes”. Foram colocados ventiladores extras para ajudar na circulação de ar.

PERÍCIA
A perícia começou na terça deve terminar na quinta-feira. Algumas pessoas ainda vão prestar depoimento na delegacia e somente após isso e a conclusão do lado pericial vai ser possível esclarecer as causas do incêndio.

CAUSA DO INCÊNDIO
As causas do acidente ainda não foram esclarecidas para identificar o que causou o incêndio.

SISTEMA DE COMBATE A INCÊNDIO
A rede de combate de incêndio incluindo a rede de sprinklers funcionou.

PREJUÍZOS E RESPONSABILIDADES
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro de Direito do Seguro, Ernesto Tzirulnik a questão é complexa. “É muito importante conhecer os contratos entre os lojistas e o shopping. Se o incêndio aconteceu na área comum, indiscutivelmente a responsabilidade é do estabelecimento e seu seguro vai funcionar em favor de todos. Em geral, os lojistas contratam seguros para aquilo que é de responsabilidade deles, como mercadorias. Eventualmente, a cobertura vale para responsabilidade civil também, ou seja, danos provocados a terceiros. Mas o valor não é muito representativo e se a culpa foi do lojista, ele teria que arcar com as despesas por conta própria”, afirma o advogado.
O incêndio também causou, além de danos patrimoniais e materiais, lucros cessantes, isto é, perda da receita enquanto a loja está fechada. Cada lojista deve avisar sua seguradora de imediato. Mesmo aqueles que não foram atingidos têm lucro cessante, pois o movimento do centro comercial diminui. Eles também podem acionar o seguro. Além disso, se os comerciantes e o shopping queiram entrar em acordo para que cada um pague sua parte, é provável que os seguros não aceitem. A seguradora vai querer saber quem é o responsável, explica Tzirulnik.

SHOPPING
O shopping Nova América com 122 mil metros quadrados de área construída foi inaugurado em 1995 e preserva a arquitetura original da fábrica da Companhia de Tecidos Nova América. O prédio era em tijolinhos, estilo inglês do início do século XX.
Em 2011, o empreendimento passou por sua terceira expansão. Com um investimento de R$ 250 milhões, o projeto fez o shopping dobrar de tamanho e o transformou no maior multiuso integrado da capital. Ao todo, são mais de 220 lojas, três torres comerciais com salas entre 30 e 45 metros quadrados, três lajes corporativas com 22.500 metros quadrados de área para abrigar até 25 grandes empresas, dois hotéis com 426 suítes no total e mais de 4 mil vagas de estacionamento, sendo mais de 2 mil cobertas e emprega 6 mil funcionários. Fontes: @ZR, Rio-16/02/2015 a 19/02/2015

Vídeo



Comentário: De acordo com testemunhas os bombeiros demoraram em chegar ao local. Quanto maior a demora em combater o fogo maior a velocidade de sua propagação. O gráfico ao lado mostra o estágio do fogo.

A Prevenção é a melhor estratégia
O modelo arquitetônico e o grande fluxo de pessoas são duas características específicas dos shoppings centers que devem levar seus administradores a redobrarem os cuidados contra o risco de incêndios.
A própria estrutura do empreendimento, geralmente uma grande caixa fechada com diversas interligações em seu interior e áreas abertas ligando os pavimentos, facilita a propagação do fogo, da fumaça e de gases tóxicos.  
Aprimorar a conscientização e a cultura de segurança e da auto-proteção é fundamental para se evitar grandes transtornos para empreendedores e consumidores.
O investimento em medidas de proteção contra incêndio e pânico tem custo e não geram lucro imediato, mas a sua não realização pode implicar perdas econômicas, patrimoniais, institucionais e, acima de tudo, de vidas humanas.

Estatísticas
As estatísticas mostram que os problemas de eletricidade respondem por quase 60% das causas dos incêndios ocorridos em shoppings à maioria nas lojas da praça de alimentação.
Os motivos variam;
■ instalações malfeitas que provocam curto-circuito,
■ uso de produtos fora das especificações ou
■ sobrecarga no sistema elétrico.

Cozinhas
As ocorrências mais significativas, no entanto, são nos dutos de gordura das cozinhas que precisam de manutenção e monitoramento constante.

Forro
Os forros de algumas lojas são altamente combustíveis, escondendo um emaranhado de fiação e dutos.

Lixeiras
É preciso cuidado especial também com as lixeiras, responsáveis por 20% dos incêndios, que geralmente começam com uma ponta de cigarro jogada em lixeira que contém papel. Na lista dos causadores de incêndio seguem-se os veículos, as frituras, as soldas, lâmpadas e depósitos.

Iluminação de lojas
O uso de spots (luminárias) em decoração é fator de risco, pois são lâmpadas que esquentam muito e podem provocar a combustão de produtos próximos, principalmente se forem altamente inflamáveis, como plásticos. Precauções também devem ser tomadas com os letreiros de néon.

Propagação de incêndio
A velocidade de propagação de um incêndio em geral é muito rápida, bastando alguns minutos para atingir elevadas temperaturas. Contribuem para esta velocidade a quantidade de produtos sintéticos usados cada vez mais em nosso dia a dia, como náilon, viscose e espumas, entre outros. Tais materiais geram fumaças altamente tóxicas e letais com a liberação de monóxido de carbono e gás cianídrico.
Um incêndio evolui lentamente até o terceiro minuto; depois a velocidade de propagação é elevada até o 12º minuto, tornando-se estável enquanto existir combustível e oxigênio. Neste momento a temperatura atinge cerca de 1.000º C, de acordo com experiência realizada pela ISO (International Standard Organization) sobre incêndio estrutural, o que é o caso de uma loja, por exemplo.

Riscos de fumaça e incêndio
Geralmente as pessoas se preocupam muito mais com o fogo do que com a fumaça, a principal causa das mortes em incêndios. O máximo que o ser humano pode resistir à fumaça é 12 minutos, sem falar nos gases tóxicos. Os shoppings devem se preocupar seriamente durante o projeto com a instalação de dispositivos de extração automática de fumaça, recomenda o Corpo de Bombeiros. Outro fator a ser levado em consideração durante o projeto é a compartimentação de incêndio, que limita a propagação do incêndio (permitindo que as pessoas sejam retiradas com mais facilidade) e reduz perdas.

GLP - vazamento de gás combustível.
O uso de botijões ou cilindros (GLP) deve ser reduzido ao mínimo, porque dificultam o controle de qualquer emergência do tipo vazamento ou incêndio. A canalização de gás combustível deve passar por monitoramento e inspeções periódicas, de forma visual e com o uso de equipamentos de detecção de gases. Além disso, as normas de instalação têm de ser seguidas com rigor.

Medidas de segurança
Acesso de carros de bombeiros
Na fase inicial do projeto do shopping, deve-se prever o acesso dos carros do Corpo de Bombeiros, considerando-se as suas dimensões, peso, ângulo e altura de operação, além de um local para pouso de helicóptero.

Instalações de incêndios
Não podem faltar instalações de combate a incêndio, extintores portáteis, sistemas de sprinklers automáticos e sistemas de detecção de incêndio em conformidade com as normas técnicas.

Dispositivos automáticos - dumpers
Recomenda-se ainda a instalação de sistema de detecção, extinção e fechamento automático de dutos de gordura. São dispositivos adaptados em coifas e sistema de tiragem de calor e gordura nos restaurantes com o objetivo de detectar o surgimento, limitar a propagação de um incêndio e apagá-lo de forma automática.

Brigada de incêndio
A Brigada de Bombeiros profissionais civis é fundamental para a primeira intervenção e para o trabalho conjunto com o Corpo de Bombeiros local. Cabe a ela fazer a inspeção rotineira dos riscos de incêndio, auxiliar na manutenção dos dispositivos de segurança, agir nas situações de emergência, prestar os primeiros socorros, realizar busca de pessoas em meio à fumaça e coordenar o escape até a chegada do Corpo de Bombeiros.

Pára-raios
A instalação de pára-raios deve ser considerada como elemento adicional de proteção contra descargas atmosféricas, visando à proteção da área total contra descargas que podem gerar desde colapso e queima de equipamentos a incêndios e fatalidades.

As saídas de emergências
Constituem-se basicamente de:
■ Escada de segurança, resistente ao fogo, com largura e número suficiente para a saída dos usuários do prédio;
■ As portas corta-fogo, com largura e números suficientes;
■ Dutos de entrada de ar e saída de fumaça, para renovação do ar;
■ Antecâmara para evitar a entrada de fumaça na escadaria;
■ Sinalização e luz de emergência.

Pânico
Diversos fatores podem desencadear uma situação de pânico, desde o princípio de incêndio, um vazamento de gás até uma briga ou assalto. As pessoas tendem a abandonar o local de forma rápida e desordenada, gerando confusão e acidentes.
Alguns procedimentos podem evitar essa situação.
■ É preciso manter a iluminação e sinalização indicativa de escape do tipo elétrica auto‑suficiente e fotoluminescente.
■ As portas devem abrir sempre no sentido do escape, principalmente em locais onde se concentram mais de 50 pessoas, impedindo-se também o ingresso no sentido contrário à barra anti-pânico, dispositivo que permite a saída de qualquer pessoa com um simples empurrão. Fonte: Revista Shopping Centers 

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