Acidente com ônibus de estudantes deixa dezenas de mortos
O acidente aconteceu no km 68 da rodovia Deputado Leônidas
Pacheco Ferreira, a SP-304, na noite de segunda-feira, por volta das 23h30, 27
de outubro. O ônibus da Jabotur retornava de uma excursão com estudantes da
Escola Estadual Dom Gastão Liberal Pinto, do município de Borborema.
Foto: Frente e lateral do ônibus ficaram destruídas
Os
estudantes tinham saído de São Paulo, onde participaram de uma excursão, e retornavam
para Borborema. A colisão foi a aproximadamente 30 quilômetros do destino
final, em um trecho da rodovia que está em obras. O ônibus levava 40
passageiros, entre estudantes e professores.
IMPACTO
O impacto da batida foi tão forte que a lateral do ônibus
foi arrancada e alguns dos passageiros – entre eles pelo menos seis
adolescentes, de 15 a 17 anos – foram arremessados para fora do veículo. As
vítimas morreram na hora. Vários passageiros ficaram presos nas ferragens.
Foto: Cabine do caminhão ficou completamente destruída
Com o impacto a carreta, que transportava óleo vegetal, 27
mil litros de óleo vegetal, pegou fogo
após a colisão. O incêndio no local da batida só foi contido duas horas depois,
por equipes do Corpo de Bombeiros.
Testemunhas relataram que a carreta teria invadido a pista
contrária, atingido em cheio a lateral do ônibus. A polícia, no entanto, não
confirma a informação. Uma equipe da perícia deve analisar a colisão.
EXCURSÃO
Segundo informações da prefeitura de Borborema, três ônibus
com cerca de 110 pessoas foram até a capital. Os outros dois ônibus da excursão
chegaram ao destino por volta das 23h de segunda. Como o terceiro ônibus estava
demorando para chegar, uma das professoras da escola voltou pela estrada e viu
o que tinha acontecido.
INTERDIÇÃO
Por causa do acidente, a rodovia, que é de mão dupla, está
operando com pista simples, no sistema Pare e Siga.
VÍTIMAS INICIAIS
O motorista do caminhão sofreu ferimentos leves. Já o
motorista do ônibus ficou gravemente ferido. Quatro professoras que
acompanhavam os alunos e seis adolescentes entre 14 e 17 anos morreram no
local. Quatro estudantes estão internados em estado grave na UTI da Santa Casa
de Ibitinga e os outros ocupantes do ônibus, feridos com menor gravidade, foram
levados para a Santa Casa de Borborema.
VÍTIMAS
O acidente tirou a vida de 13 pessoas, sendo; oito
estudantes e três professoras da unidade de ensino, uma diretora de outro colégio e de uma
fotógrafa que acompanhava a excursão do grupo a São Paulo.
Além dos 13 mortos, 24 pessoas ficaram feridas. Três delas
continuam internadas, duas na Santa Casa de Ibitinga e o quadro de saúde delas
é estável, e o motorista do caminhão teve 45% do corpo queimado e fraturou a
perna esquerda e o crânio e está no Hospital Padre Albino em Catanduva.
Foto: Croquis da situação
1-A pista estava recém recapeada e não tinha ainda a
sinalização.
2- O motorista do ônibus tentou desviar, mas não conseguiu
evitar o choque.
3- O ônibus teve a lateral direita arrancada pela força do
impacto.
4- O caminhão continuou em movimento até o acostamento e
pegou fogo.
CONDIÇÕES DA RODOVIA
O Departamento de Estrada de Rodagem informou, em nota, que
o local está em obra e há sinalização dos trabalhos na pista em todo o trecho,
que compreende os km 352,3 ao km 406,7, entre Ibitinga e Borborema. A nota
informa ainda que a velocidade máxima permitida no local é de 60 km/h para
garantir a segurança dos motoristas. O local passa por recape e, por isso, não
há sinalização do solo. De acordo com DER, esse trabalho só é feito no final do
recapeamento.
BORBOREMA - TRISTEZA E COMOÇÃO
Com quase 15 mil habitantes, a pequena Borborema se
mobilizou para enterrar na quarta-feira (29) as vítimas da tragédia que comoveu
a região.
Um clima de profunda tristeza e consternação marcou o
enterro das vítimas. Os corpos foram levados de dois em dois para o cemitério
de Borborema, em um cortejo acompanhado por centenas de pessoas.
Por conta do acidente, a prefeitura decretou luto oficial de
três dias. É uma cidade pequena onde conhecemos todo mundo. Nunca pensei que
pudesse atuar como bombeiros para eles, afirma o bombeiro Marcos Paul.
Várias pessoas passaram mal durante o velório e o
sepultamento, e precisaram ser atendidas por equipes dos bombeiros.
LAUDO DA PERÍCIA TÉCNICA
O laudo concluído pelo Instituto Criminalista de Araraquara
apontou que o motorista da carreta, Leandro Sanches Basalea, 26 anos, trafegava
na contramão no momento da colisão contra o ônibus. No entanto, não justifica o
motivo pelo qual o condutor mudou de pista.
Segundo o documento, o motorista do ônibus, Leandro Roberto
de Souza, 53 anos, ainda tentou desviar e, por isso, a colisão se deu do lado
direto do veículo. Ainda de acordo com o laudo,
o ônibus trafegava a 84 quilômetros por hora no momento do acidente, ou
seja, acima da velocidade permitida no local, que é de 60 quilômetros por hora,
devido às obras de recapeamento e inclusão da terceira faixa na via. Vale
lembrar que o trecho não contém sinalização de solo.
Não foi possível, contudo, precisar a velocidade do
caminhão, uma vez que o tacógrafo ficou totalmente destruído após a colisão.
Inquérito
“Já temos um inquérito policial instaurado, baseado em
provas testemunhais e provas técnicas. Falta agora receber os laudos do IML
(Instituto Médico Legal) sobre as vítimas fatais, e já determinei por meio de
carta precatória o depoimento das demais vítimas e dos condutores dos veículos,
para saber a versão deles sobre o acidente”, afirmou o delegado de Ibitinga,
Carlos Alberto Ocon.
Ele explica que como os motoristas residem em cidades
distintas, não são obrigados a irem até Ibitinga prestar depoimento. “Os dois
serão ouvidos pelos delegados responsáveis por cada município. Inclusive, já
especifiquei as perguntas que acho pertinentes fazer, para ajudar na solução do
caso. Depois as declarações serão enviadas para mim e anexadas ao inquérito”,
explicou o delegado.
“Se mesmo depois de
todos os depoimentos não ficar totalmente esclarecido o episódio, terei que
reinquirir algumas pessoas. É um trabalho de quebra-cabeças agora, para buscar
a verdade do que realmente aconteceu”, acrescenta o delegado.
Fontes: JCNT- Bauru,
G1- São Carlos e Araraquara - 28/10/14 a 03/11/2014
Comentário:
O local do acidente está sem pintura de solo que indica a
separação entre as pistas, o que pode induzir a acidentes, para o especialista
em transportes pela Unicamp Carlos Alberto Bandeira Guimarães. "Com trecho
em obra, a rodovia precisa ter sinalização especial. A ausência pode induzir ao
erro, ainda mais à noite."
O DER alegou que não é possível pintar sem que o asfalto do
trecho seja completamente colocado, pois a sinalização atende normas previstas
pelo Contran (Conselho Nacional de Trânsito).
Para o especialista em engenharia de transportes da USP
Horácio Augusto Figueira, apenas a colocação de placas não basta e é necessário
luzes intermitentes e patrulhamento constante da Polícia Rodoviária.
"Mesmo em obras é preciso pintar o solo. Não importa que será preciso
pintar de novo", afirmou.
Desorientação espacial
Em acidente aéreo, os especialistas utilizam o termo desorientação espacial para determinado tipo de desastre, onde o piloto enfrenta condições climáticas adversas.
Podemos usar esse termo para as condições da pista no
momento da colisão: pista sem sinalização, dirigindo a noite. Não sabemos as
condições do motorista do caminhão em relação à carga de trabalho, condições de
descanso e sono.
A visão é o principal responsável pela orientação durante a
condução do veículo.
Durante a desorientação espacial perdemos a sensação de
equilíbrio (profundidade e largura) e de orientação fornecidos pela visão, que
tem no “horizonte” a mais importante referência. Isso acontece muito durante a ocorrência
de neblina ou à noite em estrada com péssima
sinalização de solo ou inexiste. O motorista pode invadir a pista contrária ou
não permanecer na faixa correta.
Sonolência
Segundo o neurologista Rubens Reimão, líder do Grupo de
Pesquisa Avançada em Medicina do Sono do Hospital das Clínicas da Universidade
de São Paulo (USP) são necessárias 10 a
8 horas de sono por noite. Mais do que uma hora a menos do que essa média pode
deixar a pessoa sonolenta durante o dia, fazendo com que perca a rapidez no
alerta, podendo provocar acidentes de vários tipos.
Um motorista sonolento pode causar a falta de atenção e
leva-lo a causar acidentes tais como: colidir em alta velocidade com obstáculos
parados, cair em precipícios, perder a direção e bater em algum veículo, sair
da pista, invadir o acostamento ou deixar de observar sinais de trânsito,
colocando em risco a própria vida e a de outras pessoas.
“Os acidentes causados por sonolência acontecem mais em
situações monótonas, como estradas vazias, e à noite, durante o horário normal
do sono. Quando não há sinal de frenagem ou desvio antes de um obstáculo, é
provável que o motorista tenha dormido”, afirma o neurologista.Marcadores: transito
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