Ferramentas manuais: segurança e a eficiência comandam o design
Em algum momento pré-histórico, o antepassado do homem
civilizado feriu-se com uma pedra em que a natureza esculpiu uma aresta mais
viva.
Estimulado pelo dolorido acaso, seu cérebro primitivo
comparou as dificuldades que tinha para cortar alimentos e abrigos e a
facilidade com que a pedra feria. O resultado da comparação foi à primeira
ferramenta que pôs o homem na trilha da moderna civilização. Manejada com a
maior cautela possível, para evitar autoferimentos.
Nesta hipótese sobre a origem da primeira ferramenta, estão
presentes algumas leis que governam a existência humana: a lei do menor
esforço, que implica eficiência crescente, e a lei da autopreservação, que
procura essa eficiência com a maior segurança possível.
Eficiência e segurança, da pré-história até hoje, são as
balizas do desenvolvimento das ferramentas.
NOVAS ABORDAGENS
Os conceitos que inspiram a fabricação das modernas
ferramentas manuais definem uma dupla abordagem: a ferramenta deve estar adequada
ao trabalho, tanto quanto ao trabalhador. Ficam contra-indicadas, portanto,
aquelas que demandam muito esforço muscular, por muito tempo, ou requerem
posições incômodas.
Nesta linha de idéias, os estudos ergonométricos provam que
qualquer empunhadura desviada mais de 30 graus em relação ao trabalho da
ferramenta acarreta perda de eficiência, porque parte da força não é
transferida para a ferramenta.
Os cabos das ferramentas também evoluíram, e se reconhece
hoje que a madeira envernizada oferece uma “pegada mais firme”.
O trabalho que será executado também precisa ser considerado
na escolha do cabo da ferramenta. Alguns cabos de borracha, por exemplo, podem
tornar-se viscosos, e outros, com bom material condutor, além dos riscos
decorrentes de contato com material energizado, podem conduzir o frio para a
mão do trabalhador, o que aumenta o risco de lesões acumulativas.
A MESMA EVOLUÇÃO RECOMENDA:
A carga estática, ou seja, o trabalho de apenas sustentar a
ferramenta ou manter uma postura, não pode superar 10% da força máxima do
trabalhador. Como as ferramentas são produzidas em série, portanto a seleção e
o treinamento do trabalhador são importantes condições para a operação adequada
da ferramenta.
A especialização das ferramentas, seu design e seu material
são definidos modernamente pelo tipo do trabalho a ser executado pelo operador
e pelo produto/serviço que deve ser feito. Indústrias, processos e produtos que
precisam evitar, por exemplo, contaminação de ambientes estéreis, devem
recorrer a ferramentas de aço inoxidável.
SEGURANÇA: CAUSAS E PREVENÇÃO
As ferramentas estão entre os fatores mais freqüentes dos
acidentes no trabalho. Análises, estudos e levantamentos estatísticos
realizados por instituições altamente respeitadas no setor mostram que as
principais causas dos acidentes com ferramentas estão relacionadas às falhas
humanas, e as mais graves e freqüentes são:
■Usar as ferramentas sem autorização.
■Trabalhar a ferramenta em velocidade insegura, proibida
pela natureza do trabalho, pelas condições do trabalho ou em desacordo com as
especificações do fabricante.
■Consertar ou fazer a manutenção de ferramentas energizadas.
■Usar ferramentas inadequadas ao trabalho.
■Ignorar os dispositivos de segurança.
■Assumir posturas impróprias.
■Ignorar os equipamentos de proteção individual disponíveis.
■Desconsiderar as condições do ambiente em que se realiza o
trabalho.
TREINAMENTO, PREVENÇÃO E REDUÇÃO DE ACIDENTES
Além de treinamento constante, campanhas permanentes de
prevenção e redução de acidentes exigem informação clara e objetiva. O
trabalhador precisa saber, por exemplo, que é importante:
■Organizar as ferramentas, porque isto permite identificar a
falta de ferramentas abandonadas em locais onde podem provocar acidentes.
■Revisar o estado das ferramentas antes de iniciar o
trabalho, escolhendo as que estiverem em condições de uso, enviando as
defeituosas para a manutenção. Neste momento, é importante verificar a justeza
dos cabos e encaixes.
■Transportar as ferramentas em caixas apropriadas.
■Evitar transportar no bolso ferramentas afiadas ou com
pontas.
■Usar todos os equipamentos de proteção individual.
■Proteger-se contra eventualidades que podem ser
consideradas raras, mas que têm conseqüências sérias. Proteger-se, neste caso,
significa não usar ferramentas para testar circuitos elétricos, evitar o uso de
anéis e pulseiras que podem provocar amputações e evitar cabelos muito
compridos, por exemplo.
■Não brincar em serviço.
■Afiar regularmente as ferramentas de corte e movimentá-las
sempre na direção oposta à do corpo.
■Tomar cuidado com as chaves de fenda, que são uma das
ferramentas que mais causam acidentes. Na maioria das vezes, porque sua afiação
foi inadequada e feita com rebolos de esmeril, em vez de limas.
FERRAMENTAS ELÉTRICAS
As ferramentas elétricas ainda exigem cuidados adicionais.
Com elas é preciso proteger-se contra choques ou eletrocussão, através de
isolação dupla, interruptores e tomadas de três pinos. É importante, também,
não operá-las em pisos alagados e úmidos. As ferramentas elétricas danificadas
devem ser claramente identificadas com o aviso “Não Usar”.
DESIGN BÁSICO
O uso das ferramentas no ritmo da produção industrial
mostrou a importância da dupla perspectiva do trabalho e do trabalhador no
design das ferramentas.
Quando essa dupla perspectiva é ignorada, são prejudicadas a
saúde do trabalhador, do produto, ou
seja, sua qualidade. Para garantir uma e outra, o design tem procurado:
■Limitar o peso da ferramenta a 1 kg.
■Alinhar o centro de gravidade da ferramenta ao centro da
mão.
■Substituir ferramentas manuais por manuais-elétricas.
■Desenhar a empunhadura como se a ferramenta sempre fosse
elétrica.
■Desenhar a empunhadura de forma que o ângulo com a
ferramenta favoreça a transferência da força.
■A empunhadura deve ter seção cilíndrica ou oval de 30 a 45
mm de diâmetro.
■Para trabalhos de maior precisão, o diâmetro recomendado é
de 5 a 12 mm.
■Os gatilhos devem ter no mínimo 50 mm para permitir o uso
de mais dedos e evitar o superuso do indicador.
■Usar materiais antideslizantes na empunhadura.
■Considerar, sobretudo, que a fase do design é o único
momento em que se pode reduzir a vibração da ferramenta.
ERGONOMIA E DESIGN
Uma indústria que pretenda oferecer ferramentas eficientes,
adequadas tanto aos ambientes em que o trabalho será realizado, quanto às
exigências de segurança e saúde do trabalhador, precisa apoiar-se nos critérios
oferecidos pela ergonomia e pelo design combinados. Fonte: NEI-Soluções
Industriais - Dez/2005
Comentário: Causas típicas de acidentes com ferramentas manual e elétrica
• usando a ferramenta errada para o trabalho
• queda de ferramenta acima da cabeça
• ferramenta afiada colocado no bolso
• uso de prolongador em cabo de ferramenta
• vibração excessiva
• uso de ferramenta com cabeça deformada (formão, cinzel,
etc)
• falta de apoio ou bancada
• transporte de ferramenta em mão em escada
• uso de cabo elétrico ou conector danificados
• falta de uso do
interruptor de circuito por falha de aterramento, especialmente ao ar livre.
Fonte:
Infrastructure Health & Safety Association (IHSA)- CanadaMarcadores: segurança
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