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sábado, setembro 13, 2014

Ferramentas manuais: segurança e a eficiência comandam o design

Em algum momento pré-histórico, o antepassado do homem civilizado feriu-se com uma pedra em que a natureza esculpiu uma aresta mais viva.
Estimulado pelo dolorido acaso, seu cérebro primitivo comparou as dificuldades que tinha para cortar alimentos e abrigos e a facilidade com que a pedra feria. O resultado da comparação foi à primeira ferramenta que pôs o homem na trilha da moderna civilização. Manejada com a maior cautela possível, para evitar autoferimentos.
Nesta hipótese sobre a origem da primeira ferramenta, estão presentes algumas leis que governam a existência humana: a lei do menor esforço, que implica eficiência crescente, e a lei da autopreservação, que procura essa eficiência com a maior segurança possível.
Eficiência e segurança, da pré-história até hoje, são as balizas do desenvolvimento das ferramentas.

NOVAS ABORDAGENS
Os conceitos que inspiram a fabricação das modernas ferramentas manuais definem uma dupla abordagem: a ferramenta deve estar adequada ao trabalho, tanto quanto ao trabalhador. Ficam contra-indicadas, portanto, aquelas que demandam muito esforço muscular, por muito tempo, ou requerem posições incômodas.
Nesta linha de idéias, os estudos ergonométricos provam que qualquer empunhadura desviada mais de 30 graus em relação ao trabalho da ferramenta acarreta perda de eficiência, porque parte da força não é transferida para a ferramenta.
Os cabos das ferramentas também evoluíram, e se reconhece hoje que a madeira envernizada oferece uma “pegada mais firme”.
O trabalho que será executado também precisa ser considerado na escolha do cabo da ferramenta. Alguns cabos de borracha, por exemplo, podem tornar-se viscosos, e outros, com bom material condutor, além dos riscos decorrentes de contato com material energizado, podem conduzir o frio para a mão do trabalhador, o que aumenta o risco de lesões acumulativas.

A MESMA EVOLUÇÃO RECOMENDA:
A carga estática, ou seja, o trabalho de apenas sustentar a ferramenta ou manter uma postura, não pode superar 10% da força máxima do trabalhador. Como as ferramentas são produzidas em série, portanto a seleção e o treinamento do trabalhador são importantes condições para a operação adequada da ferramenta.
A especialização das ferramentas, seu design e seu material são definidos modernamente pelo tipo do trabalho a ser executado pelo operador e pelo produto/serviço que deve ser feito. Indústrias, processos e produtos que precisam evitar, por exemplo, contaminação de ambientes estéreis, devem recorrer a ferramentas de aço inoxidável.

SEGURANÇA: CAUSAS E PREVENÇÃO
As ferramentas estão entre os fatores mais freqüentes dos acidentes no trabalho. Análises, estudos e levantamentos estatísticos realizados por instituições altamente respeitadas no setor mostram que as principais causas dos acidentes com ferramentas estão relacionadas às falhas humanas, e as mais graves e freqüentes são:
■Usar as ferramentas sem autorização.
■Trabalhar a ferramenta em velocidade insegura, proibida pela natureza do trabalho, pelas condições do trabalho ou em desacordo com as especificações do fabricante.
■Consertar ou fazer a manutenção de ferramentas energizadas.
■Usar ferramentas inadequadas ao trabalho.
■Ignorar os dispositivos de segurança.
■Assumir posturas impróprias.
■Ignorar os equipamentos de proteção individual disponíveis.
■Desconsiderar as condições do ambiente em que se realiza o trabalho.

TREINAMENTO, PREVENÇÃO E REDUÇÃO DE ACIDENTES
Além de treinamento constante, campanhas permanentes de prevenção e redução de acidentes exigem informação clara e objetiva. O trabalhador precisa saber, por exemplo, que é importante:
■Organizar as ferramentas, porque isto permite identificar a falta de ferramentas abandonadas em locais onde podem provocar acidentes.
■Revisar o estado das ferramentas antes de iniciar o trabalho, escolhendo as que estiverem em condições de uso, enviando as defeituosas para a manutenção. Neste momento, é importante verificar a justeza dos cabos e encaixes.
■Transportar as ferramentas em caixas apropriadas.
■Evitar transportar no bolso ferramentas afiadas ou com pontas.
■Usar todos os equipamentos de proteção individual.
■Proteger-se contra eventualidades que podem ser consideradas raras, mas que têm conseqüências sérias. Proteger-se, neste caso, significa não usar ferramentas para testar circuitos elétricos, evitar o uso de anéis e pulseiras que podem provocar amputações e evitar cabelos muito compridos, por exemplo.
■Não brincar em serviço.
■Afiar regularmente as ferramentas de corte e movimentá-las sempre na direção oposta à do corpo.
■Tomar cuidado com as chaves de fenda, que são uma das ferramentas que mais causam acidentes. Na maioria das vezes, porque sua afiação foi inadequada e feita com rebolos de esmeril, em vez de limas.

FERRAMENTAS ELÉTRICAS
As ferramentas elétricas ainda exigem cuidados adicionais. Com elas é preciso proteger-se contra choques ou eletrocussão, através de isolação dupla, interruptores e tomadas de três pinos. É importante, também, não operá-las em pisos alagados e úmidos. As ferramentas elétricas danificadas devem ser claramente identificadas com o aviso “Não Usar”.

DESIGN BÁSICO
O uso das ferramentas no ritmo da produção industrial mostrou a importância da dupla perspectiva do trabalho e do trabalhador no design das ferramentas.
Quando essa dupla perspectiva é ignorada, são prejudicadas a saúde do trabalhador,  do produto, ou seja, sua qualidade. Para garantir uma e outra, o design tem procurado:
■Limitar o peso da ferramenta a 1 kg.
■Alinhar o centro de gravidade da ferramenta ao centro da mão.
■Substituir ferramentas manuais por manuais-elétricas.
■Desenhar a empunhadura como se a ferramenta sempre fosse elétrica.
■Desenhar a empunhadura de forma que o ângulo com a ferramenta favoreça a transferência da força.
■A empunhadura deve ter seção cilíndrica ou oval de 30 a 45 mm de diâmetro.
■Para trabalhos de maior precisão, o diâmetro recomendado é de 5 a 12 mm.
■Os gatilhos devem ter no mínimo 50 mm para permitir o uso de mais dedos e evitar o superuso do indicador.
■Usar materiais antideslizantes na empunhadura.
■Considerar, sobretudo, que a fase do design é o único momento em que se pode reduzir a vibração da ferramenta.

ERGONOMIA E DESIGN
Uma indústria que pretenda oferecer ferramentas eficientes, adequadas tanto aos ambientes em que o trabalho será realizado, quanto às exigências de segurança e saúde do trabalhador, precisa apoiar-se nos critérios oferecidos pela ergonomia e pelo design combinados. Fonte: NEI-Soluções Industriais - Dez/2005

Comentário: Causas típicas de acidentes com  ferramentas manual e elétrica 
• usando a ferramenta errada para o trabalho
• queda de ferramenta acima da cabeça
• ferramenta afiada colocado no bolso
• uso de prolongador em cabo de ferramenta
• vibração excessiva
• uso de ferramenta com cabeça deformada (formão, cinzel, etc)
• falta de apoio ou bancada 
• transporte de ferramenta em mão em escada 
• uso de cabo elétrico ou conector danificados 
• falta de  uso do interruptor de circuito por falha de aterramento, especialmente ao ar livre.
Fonte: Infrastructure Health & Safety Association (IHSA)- Canada

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